A empresa White Tratores Serviços de Terraplanagem, com sede em Canaã dos Carajás/PA, venceu a licitação do serviço de reforma do telhado do prédio-sede da Câmara de Ponte Nova. Orçada em R$ 114,5 mil, a obra foi iniciada em meados de março, mas está parada depois do destelhamento parcial do casarão centenário.

A frente de trabalho motivou em 8/4, no plenário legislativo, interpelação de Emerson Carvalho/PTB, para quem a obra é de responsabilidade pessoal do presidente da Casa, Wellerson Mayrink/PSB.

 Disse Emerson: “Nós, vereadores, não fazemos parte de algumas decisões, como esta do telhado e também da instalação de catraca eletrônica para regular o fluxo de pessoas na Câmara.” Ele esclareceu que foi cobrado sobre a obra da troca de telhas, que provocou inundação em recente temporal e ainda motivou deslocamento de pessoal legislativo de suas salas. 

Continuou Emerson: “Falaram assim: a Câmara cobra tanto da Prefeitura, mas a obra do telhado demonstra que não tem organização nesta Casa, inclusive com o transtorno decorrente das recentes chuvas.” Concluindo, ele explicou:

“Cobraram de mim também a respeito da limpeza do lado de fora da nossa sede. Esse lixo aí - me falaram - tem muito tempo e afeta o espaço do nosso estacionamento.”

Presidente rebate

Wellerson Mayrink explicou-se e sugeriu que Emerson “faz politicagem e quer denegrir a minha imagem”. Aproveitou para lembrar que o vereador -  que atua como DJ em festas - usou tenda da Câmara num baile funk.

 Mayrink esclareceu: “A obra do telhado não é proposta minha. É projeto que já pegamos em andamento, visando trocar as telhas velhas e acabar com as goteiras. Houve, sim, problema com a chegada de telhas que não combinavam com as antigas. Conversei com o engenheiro responsável e decidimos trocar todo o telhado, onde as ripas e caibros ‘estão todos comidos’, danificados pelo tempo, com risco de desabamento.”

O presidente mostrou fotos, relatando também a precariedade da rede elétrica, e lamentou que na véspera da chuva a empresa contratada usou lona inadequada para isolar o teto.

Informou Wellerson: “A empreiteira foi notificada várias vezes, foi multada e, agora, parou o serviço. Parece que ela abandonou a obra. Vamos entrar na Justiça? Chamar o 2º lugar da licitação? Tudo depende da burocracia.”

Patrimônio histórico

Mayrink também citou interpelação da Prefeitura sobre intervenção em patrimônio histórico municipal. Completou ele: “Nosso engenheiro fez um parecer/documentário para apresentar ao Setor de Patrimônio Público e talvez para a Justiça.”  

Como esta FOLHA apurou, este novo embate se deve ao cancelamento recente do alvará municipal da obra (datado de mar/2023). “A Prefeitura alega que mudou a lei em agosto, passando a exigir que toda licença, como a nossa, tivesse parecer patrimonial. Só que o nosso protocolo ocorreu antes dessa novidade”, assinalou Wellerson.

Ponderou ainda o presidente do Legislativo: “As coisas são muito burocráticas. Eu estou esperando mudança na licitação, resposta da empresa e sua multa. E teremos que fazer outro telhado.”

Outras obras

Sobre a sujeira no prédio [provocada pela obra do telhado], Wellerson informou: “Já temos outra empresa licitada para pintar a Câmara por dentro e por fora. Vamos ainda sintecar o piso, fazer pequenos reparos internos e rebaixar o teto do plenário.”

 No entender de Wellerson, as despesas citadas não comprometem o orçamento de R$ 9 milhões/ano. Garantiu que trabalha com seriedade, tanto que em 2023 devolveu
R$ 1,8 milhão ao Executivo.

Fala de Emerson

Ao final, Emerson Carvalho justificou-se em relação ao uso de equipamento da Casa no baile funk: “Peguei a tenda da Câmara para um evento beneficente.” Ele salientou que a Câmara usa dinheiro público e deve prestar contas ao povo. Guto Malta/PT sugeriu publicação do relatório no site da Câmara.

Arrematou o presidente Wellerson: “Nós estávamos esperando, primeiro, acabar de resolver essas pendências, porque temos relatório documentado e diário da obra.”