SAÚDE

Deixe a vergonha de lado: vamos falar de incontinência fecal!

17/03/2018 12:00




Drª Renata Botinha - Coloproctologista/Endoscopia Digestiva - CRMMG 54652

*  Av. Dr. Otávio Soares, 108/Salas 511 e 512 - Palmeiras/Ponte Nova - (31) 3881-8287

Doenças que envolvem o sistema digestivo, em especial o intestino grosso e o reto, geralmente deixam o(a) paciente constrangido(a) e com vergonha de falar o que ele(a) sente. A incontinência fecal é uma dessas doenças e ocorre com mais frequência entre as mulheres. Trata-se da perda involuntária de gás, secreção (“soiling”) ou fezes. Além de mulheres, é mais comum também em pacientes portadores de distúrbios neurológicos e cognitivos e pessoas acamadas.

Nas mulheres, o principal fator de risco para a incontinência é o trabalho de parto prolongado e o parto via baixa trabalhoso, que podem levar à lesão da musculatura do ânus e/ou dos nervos desta região. Outras condições que podem causar essa perda involuntária são o diabetes, a constipação intestinal crônica, cirurgias anorretais prévias, irradiação pélvica, inflamações do reto e o próprio envelhecimento.

Além da entrevista e do exame físico realizados no consultório médico, existem exames complementares que auxiliam no diagnóstico e no tratamento. A ultrassonografia endorretal pode identificar a musculatura do esfíncter anal que está interrompida; a manometria anorretal mede as pressões dentro do canal anal, que em muitos casos estarão alteradas; e a colonoscopia pode evidenciar tumores retais, inflamações do intestino grosso e do reto que podem provocar os sintomas de incontinência fecal. Ainda temos a defecografia, que avalia a musculatura do assoalho pélvico durante a evacuação, e a eletroneuromiografia.

O tratamento dessa doença abrange desde medidas simples, como a modificação da dieta, até procedimentos cirúrgicos. A maior ingestão de fibras, como verduras e frutas, associada a agentes formadores de fezes, aumentam o volume do bolo fecal, melhorando os sintomas nos pacientes que apresentam diarreia. Medicações constipantes também podem levar a um resultado satisfatório. A fisioterapia perineal é outra ferramenta muito útil para tratamento da incontinência fecal. Por fim, nos casos de incontinência grave, medidas operatórias poderão ser necessárias, como a esfincteroplastia (reconstrução da musculatura do ânus)  e, mais recentemente, a estimulação neurossacral (aparelho que estimula os nervos da região do canal anal).

Muitas outras condições que atingem a região do ânus e do canal anal podem levar a sintomas semelhantes, tais como a doença das hemorroidas, má higiene local, fístula perianal, doenças sexualmente transmissíveis, diarreia, evacuação incompleta, tumores do reto. O tratamento dessas doenças trará também a melhora dos sintomas.

Deixe a vergonha de lado! Procure um médico coloproctologista e tire todas as suas dúvidas.







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