SAÚDE

Vamos falar de compreender e perdoar?

19/09/2024 08:45




Luiz Carlos Itaborahy - Psicólogo (CRP 7854) 
 
* Atendimento presencial em Belo Horizonte e Itaguara
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 Nascemos com necessidade de afeto e, conforme passa o tempo, além da necessidade de receber, também o oferecemos como condição para um desenvolvimento sadio. Recebemos e oferecemos amor, carinho e confiança que, numa primeira análise, promovem segurança, satisfação e ajustamento emocional. A maneira, no entanto, como vivenciamos as trocas afetivas, desde a infância, depende da qualidade do amor recebido, da receptividade do amor oferecido, dos traumas, das perdas, rejeições e repressões experimentados.

Construir e manter vínculos afetivos saudáveis é complicado, pois esta dinâmica vem acompanhada, normalmente, de medos diversos, ciúme, inveja, decepções, desconfianças, raivas, carências, culpas, decepções e tantos outros aspectos emocionais que fazem parte de nossa trajetória e contribuem para que nos desajustemos. Esses aspectos estão em nós e em nossos objetos de amor, sejam eles pai, mãe, companheiro(a), irmãos, amigos etc.

Compromissos afetivos exigem reciprocidade, cumplicidade e comunicação verdadeira para estabelecer e restabelecer laços, superar conflitos ou nos afastarmos como estratégia de defesa. Aquele afeto recebido ao nascermos se transforma em intricados envolvimentos emocionais que podem nos fazer felizes ou não. E assim, passamos a vida nos ajustando ou nos desajustando ao receber e oferecer afetos.

Com certa frequência, nos despojamos de determinados valores e conceitos para perdoar. Se houve perdão é porque, antes, houve necessidade de compreender. Só é perdoado o que é compreendido. Perdoar não significa esquecer, mas ressignificar situações ou atitudes que provocam mágoa, ressentimentos, raiva etc. Também não significa ter que se submeter a relações abusivas ou autoritárias, nas quais a dignidade é deixada de lado em nome da compreensão, do perdão ou por carências afetivas.

Ressignificar quer dizer buscar novas referências comportamentais, morais, psíquicas, éticas etc., como forma de encontrar novo sentido para a vida, como trabalho, relacionamentos, fé, amizade, família e tantas outras coisas.

Quando ressignificamos determinadas relações para compreender e perdoar, é porque nos sentimos suficientemente fortalecidos para novos enfrentamentos, com o objetivo de nos reajustarmos a outras realidades, apesar das frustrações e sofrimentos. Se nos acomodamos, corremos o risco de sacrificarmos a liberdade, a criatividade, a autocrítica e a dimensão humanizadora de nossa existência. Perdemos o sentido da vida.

Compreendemos e perdoamos por nós mesmos, pelo bem de nossa saúde mental, e não pelos outros. Neste contexto, decidimos continuar oferecendo e recebendo afetos, porém, a partir de um outro lugar, reconhecendo-nos capazes de novos enfrentamentos no processo permanente de busca da felicidade.

Cabe ressaltar a importância de reconhecer que também causamos dor e sofrimento nos outros e queremos ser perdoados por isso. No processo contínuo de ajustes e reajustes emocionais, tornamo-nos capazes de buscar soluções para os conflitos e de darmos prosseguimento à vida com outras perspectivas e outros sentidos.

Todos merecemos ser felizes. Viva bem! Cuide de sua saúde mental!







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