CIDADE

Dia da Padroeira marcado pela fé e a defesa da paz

15/10/2018 13:00




O Dia de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, foi - mais uma vez - marcado pela fé popular em Ponte Nova. Já na noite de 11/10, era grande a movimentação de fiéis no Oratório da Santinha do Vau-Açu, na BR-120 - Ponte Nova/Viçosa.

O tradicional percurso a pé, de 14km, entre o perímetro urbano e o distrito de Vau-Açu,  envolveu muitos fiéis de Ponte Nova. Foram muitos os caminhantes, também vindos de comunidades rurais vizinhas de Vau-Açu e das cidades de Guaraciaba, Teixeiras e Viçosa (neste caso, um percurso de 35km).

Oficiosamente, calculou-se um público total de cerca de 5 mil pessoas, considerando-se as missas das 6h, das 10h30 e das 15h, organizadas pela Paróquia São Sebastião (onde houve missas ainda nas capelas do bairro Copacabana/8h, Morro Grande/15h e Igreja Matriz/18h).

O trânsito de veículos no local foi intenso durante todo o dia. A Polícia Rodoviária Estadual/PRE sinalizou o local com cones e manteve militares nas imediações. Uma outra equipe da PRE ficou patrulhando a rodovia.

De acordo com o comandante da PRE, tenente Adélcio Alves de Oliveira, nenhuma ocorrência foi registrada. Em outros anos, eram comuns registros de incêndios em matagais à beira da Santinha, devido à queima de fogos de artifícios.



Houve, 
no entanto, críticas - via rede social - contra pessoas que deixaram restos de velas (e caixinhas delas) espalhados pelo chão.


Missa matinal

Esta FOLHA acompanhou, na Santinha do Vau-Açu, a missa das 6h, na qual o padre Wander Torres Costa celebrou para cerca de 500 pessoas.

Na homilia, o padre incluiu, no seu discurso, reflexões sobre a cena nacional, com apelo à atuação das mulheres. Por parte dos fiéis, não houve manifestações, e todos ouviram, com respeito, a posição do padre.

“Na história, em tempos críticos ou em situações limite em que as pessoas correm risco, Deus sempre confia grandes missões às mulheres. Hoje, estamos aqui para recordar algumas delas. E louvar a Deus pelo feminino, que se arrisca pela vida do povo. São muitas, de ontem e de hoje. A Palavra de Deus está repleta de exemplos assim”, iniciou o padre Wander.

Ele se referiu à historia de Ester, no Antigo Testamento: diante da iminente chacina do seu povo judeu, por ódio e discriminação racial, ela pediu por sua vida e pela vida do seu povo.

“Hoje, também pedimos a Deus pela vida do povo. Um povo que é composto de mulheres e homens, crianças, jovens, idosos, mas também por pessoas que vivem ameaçadas por um ódio sem sentido, um preconceito gratuito, como os negros, as pessoas LGBTs, os índios. Senhor, dai-nos a vida, a vida do povo. Dai-nos a coragem de Ester para pedir pela vida do nosso povo”, disse 
padre Wander.

O celebrante referiu-se também a "Maria, mãe de um torturado. Vocês acham que Ela fica feliz ao saber que muitos daqueles que dizem ser seus filhos e filhas estão relativizando a tortura? Não será essa uma oitava espada a ser cravada no coração de Maria? Se o aborto é algo grave, do mesmo modo a Igreja Católica ensina que tortura e ódio são pecados graves”.

“Tenho esperança de que, aqui em Ponte Nova e em outros lugares deste país, a paz vencerá. Há mais gente ao lado da paz do que da violência. Tenho esperança de que a busca da paz vença o conflito, que o perdão supere o ódio e a vingança dê lugar à reconciliação.” O padre assim concluiu desejando que “a Mãe Aparecida não permita que o ódio disseminado por tantas pessoas encontre lugar entre nós”.

Sem citar o presidenciável Jair Bolsonaro/PSL, o celebrante lamentou que tenha gente, hoje, subvertendo o mandamento “amai-vos uns aos outros” para “armai-vos uns aos outros”. Ele continuou: “Sempre ouvi dizer que as ‘armas’ dos cristãos eram o terço e a bíblia. Por que agora queremos trocar?”

Em sua página do Facebook, onde postou a íntegra de sua homilia, o padre Wander lembrou, ainda em 12/10, o seguinte:

“Um deputado já propôs, através de projeto, alterar a lei para retirar o título de Nossa Senhora Aparecida como Padroeira do Brasil. Trata-se de um pastor evangélico, agora filiado ao PSL, partido de um dos candidatos à Presidência da República. Tenho grandes amigos evangélicos e sei que a maioria compreende bem nossa relação com Maria. Apenas estou mostrando que nem tudo que parece que é (cristão) é realmente (cristão).”

Noutro texto, o padre pondera:

“Sei que muitos podem utilizar minhas palavras para fortalecer sua posição e sei também que muitas pessoas podem ficar felizes e outras nem tanto. Que fique claro, contudo, que meu propósito é o de oferecer alguns pontos para a escolha de vocês."







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