Izabela Bartholomeu Noguéres Terra é ginecologista-obstetra, atendendo em seu consultório e no Hospital de Nossa Senhora das Dores/HNSD. É casada com o médico Bransildes Terra, urologista que também integra o Corpo Clínico do HNSD. Ambos são professores do Curso de Medicina da Faculdade Dinâmica. Ela está grávida (9º mês) pela primeira vez
e concedeu entrevista que condensamos a seguir:
FOLHA - A gravidez envolve questões delicadas, a exemplo da depressão. O que fazer?
Izabela - Trata-se de período de estresse e ansiedade devido às fortes oscilações hormonais. Principalmente no primeiro trimestre de gestação, quando a mulher não se sente bem com a gravidez, pode estar com depressão. Isso ocorre com 17,34% das gestantes, de acordo com pesquisa do Departamento de Saúde Mental da UFMG. O quadro merece atenção: caso não haja diagnóstico e tratamento, a fragilidade emocional pode intervir na capacidade de a mulher se cuidar e, futuramente, cuidar de seu bebê. A família toda deve se preparar, pois nasce uma criança e também uma mãe, num fato mágico a ser regado de muito carinho.
FOLHA - Fale um pouco sobre a depressão pós-parto.
Izabela - As mudanças físicas, hormonais e emocionais influem diretamente durante a gestação e o pós-parto. No período de adaptação da mãe com o bebê, a depressão pode surgir com alterações no comportamento, choro fácil, irritabilidade, tristeza, dificuldade de concentração, ansiedade e insônia. O tratamento cabe a profissionais - psicólogos e psiquiatras - capacitados para lidar com a doença. Às vezes pode ser necessário o uso de medicamentos.
FOLHA - Muitos mitos envolvem a gravidez. Com fica a relação sexual?
Izabela - O sexo na gravidez e no pós-parto ainda gera dúvidas. Em alguns casos, o desejo é interrompido pelo medo de prejudicar o bebê ou de sentir desconforto, sendo que os hormônios e a libido passam por alterações. A grávida só deve evitar relações quando há sangramento ou o risco de trabalho de parto prematuro. Tanto no parto normal quanto na cesárea, o recomendado é que a atividade sexual só seja retomada entre 30 e 40 dias depois.
FOLHA - Comente sobre a alimentação na gravidez.
Izabela - É comum se dizer que grávida deve comer por dois. Porém algumas exageram e podem desenvolver problemas de saúde, como a diabetes gestacional. A gravidez saudável requer alimentação equilibrada com proteínas, vitaminas e minerais. Deve-se ingerir em torno de 1,5 a 2 litros de água/dia para auxiliar no transporte de nutrientes, envolver e proteger o feto, regular a temperatura do organismo e auxiliar na lubrificação do trato digestório. Aveia e linhaça também ajudam a regular o intestino, o qual costuma ficar lento.
FOLHA - E quanto à atividade física na gravidez?
Izabela - Elas beneficiam diferentes áreas do organismo. Podem reduzir e prevenir as lombalgias, e, como a atividade cardiovascular aumenta durante a gestação, o exercício físico reduz o risco de diabetes, possibilita frequências cardíacas mais baixas, maior volume sanguíneo em circulação, maior capacidade de oxigenação. Há menor pressão arterial, prevenindo trombose e varizes. Indicam-se atividades de baixo impacto, como, musculação orientada, hidroginástica, caminhada, elíptico, bicicleta ergométrica, natação, corrida na água, yoga e pilates.
FOLHA - O que você tem a dizer sobre o embate entre a cesariana e o parto normal?
Izabela - A Organização Mundial da Saúde recomenda que a taxa de cesarianas fique em torno de 15%. O parto normal é o mais indicado por se tratar de um ato natural, menos invasivo e com recuperação mais rápida. A opção para o momento do parto seguro deve priorizar um ato sem dor e riscos para a vida e a saúde, prevalecendo a segurança da mãe e do seu bebê, numa avaliação a cargo do obstetra. O ato do parto pode resultar no nascimento de uma criança saudável ou com paralisia cerebral. A orientação médica é fundamental. Do ponto de vista fisiológico, o parto normal é o mais aconselhável. Entretanto existem situações nas quais a cesariana é mais segura.
FOLHA - Como você está vivenciando as emoções de se tornar mamãe?
Izabela - Realizar este sonho é uma experiência enriquecedora. O acompanhamento do desenvolvimento do bebê, o movimento dele, o som do coraçãozinho, tudo desperta emoções indescritíveis, que só a mãe pode sentir. Para mim, é maravilhoso estar do outro lado, ser a paciente. Sentir o que minhas clientes sentem me deixou ainda mais apaixonada pelo meu trabalho.
Aproveito a oportunidade para desejar Feliz Dia das Mães para todas as mamães e em especial para a minha mãe, Leonilda Bartholomeu, que não mede esforços para me apoiar, me ajudar, me incentivar, em resumo, para ser sempre a melhor mãe que eu poderia ter!